As
estratégias utilizadas serão:
Aula
interativa;
-
Uso do Laboratório de Informática ou Sala de Vídeo.
Motivação:
O
professor deverá iniciar as aulas perguntando aos alunos o que
sabem sobre a violência contra a mulher, se conhecem algum caso
dessa natureza. Após os alunos se manifestarem, o professor deverá
dizer que o intuito da presente aula é abordar esta temática, a
fim de que eles ampliem o conhecimento que apresentam sobre esta.
Feito
isso, o professor deverá mostrar um vídeo de 5 minutos e 4
segundos denominado “Violência contra a mulher” (Fig. 1),
disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=7uQN0qoVzbw.
Acesso em 26 Dez.. 2016.
Figura
1-
Imagem do vídeo “Violência contra a mulher”
Quando
finalizar o vídeo, o professor poderá questionar os alunos sobre
os aspectos tratados neste. Para tanto poderá empregar as seguintes
interrogações:
• Quantas
mulheres são agredidas no Brasil diariamente?
• Quais
as principais causas da violência contra a mulher?
• Qual
a porcentagens de mulheres que sofrem abuso sexual de seus esposos?
• Por
que muitas mulheres optam por não denunciar a violência sofrida?
• O
que muitas mulheres fazem diante disso?
• Todas
as cidades brasileiras apresentam delegacias especializadas em
mulheres?
O
intuito destas perguntas é resgatar os aspectos tratados no vídeo,
bem como, instigar a curiosidade dos alunos em saber mais sobre este
assunto.
ATIVIDADE
1
Neste
momento, o professor solicitará que os alunos formem grupos de três
pessoas. Antes da atividade em si, ele poderá instigar a
curiosidade sobre os aspectos que serão abordados na atividade,
inquirindo se os alunos se lembram do caso da adolescente Eloá, da
cidade de Santo André, localizada na grande São Paulo, no qual o
ex- namorado de Eloá a assassinou. Após esta averiguação, cada
grupo receberá o texto “Feminicídio ao vivo- o que nos clama
Eloá (Fig. 2)”, disponível em:
Figura
2-
Caso Eloá
http://img.estadao.com.br/especiais/5E/4D/E6/P5E4DE6F944D84D7889BB6A0CA88E177E.jpg.
Acesso em 26 De\.
2016.
TEXTO:
Feminicídio
ao vivo – o que nos clama Eloá
Autores:
Maria Dolores de Brito Mota e Maria da Penha Maia Fernandes
Tudo
o que o Brasil acompanhou com pesar no drama de Eloá, em suas cem
horas de suplício em cadeia nacional, não pode ser visto apenas
como resultado de um ato desesperado de um rapaz desequilibrado por
causa de uma intensa ou incontrolada paixão. É uma expressão
perversa de um tipo de dominação masculina ainda fortemente
cravada na cultura brasileira.
No
Brasil, foram os movimentos feministas que iniciaram nos anos de
1970 as denúncias, mobilização e enfrentamento da violência de
gênero contra as mulheres que se materializava nos crimes cometidos
por homens contra suas parceiras amorosas. Naquele período ainda
estava em vigor o instituto da defesa da honra, e desenvolveram-se
ações de movimentos feministas e democráticas pela punição aos
assassinos de mulheres.
A
alegação da defesa da honra era então justificativa para muitos
crimes contra mulheres, mas no contexto de reorganização social
para a conquista da democracia no país e do surgimento de
movimentos feministas, este tema vai emergir como questão pública,
política, a ser enfrentada pela sociedade por ferir a cidadania e
os direitos humanos das mulheres.
O
assassinato de Ângela Diniz em dezembro de 1976, por seu namorado
Doca Street, foi o acontecimento desencadeador de uma reação
generalizada contra a absolvição do criminoso em primeira
instância, sob alegação de que o crime foi uma reação pela
defesa da "honra". Na verdade, as circunstâncias
mostravam um crime bárbaro motivado pela determinação da vítima
em acabar com o relacionamento amoroso e a inconformidade do
assassino com este fim. Essa decisão da justiça revoltou parcelas
significativas da sociedade cuja pressão levou a um novo julgamento
em 1979 que condenou o assassino. Outro crime emblemático foi o
assassinato de Eliane de Grammont pelo seu ex-marido Lindomar
Castilho em março de 1981. Crimes que motivaram a campanha "quem
ama não mata".
Agora,
após três décadas, o Brasil assistiu ao vivo, testemunhando o
assassinato de uma adolescente de 15 anos por um ex-namorado
inconformado com o fim do relacionamento. Um relacionamento que ele
mesmo tomou a iniciativa de acabar por ciúmes, e que Eloá não
quis reatar. O assassino, durante 100 horas, manteve Eloá e uma
amiga em cárcere privado, bateu na vítima, acusou, expôs, coagiu
e, por fim, martirizou o seu corpo com um tiro na virilha, local de
representação da identidade sexual, e na cabeça, local de
representação da identidade individual. Um crime onde não apenas
a vida de um corpo foi assassinada, mas o significado que carrega o
feminino. Um crime do patriarcado que se sustenta no controle do
corpo, da vontade e da capacidade punitiva sobre as mulheres pelos
homens.
O
feminicídio é um crime de ódio, realizado sempre com crueldade,
como o "extremo de um continuum de terror anti-feminino",
incluindo várias formas de violência como sofreu Eloá,
xingamentos, desconfiança, acusações, agressões físicas, até
alcançar o nível da morte pública. O que o seu assassino quis
mostrar a todas/os nós? Que como homem tinha o controle do corpo de
Eloá e que como homem lhe era superior? Ao perceber Eloá como
sujeito autônomo, sentiu-se traído, no que atribuía a ela como
mulher (a submissão ao seu desejo), e no que atribuía a si como
homem (o poder sobre ela, base de sua virilidade). Assim o
feminicídio é um crime de poder, é um crime político.
Juridicamente é um crime hediondo, triplamente qualificado: motivo
fútil, sem condições de defesa da vítima, premeditado.
Se
antes esses crimes aconteciam nas alcovas, nos silêncios das
madrugadas, estão agora acontecendo em espaços públicos,
shoppings, estabelecimentos comerciais, e agora na mídia. Para
Laura Segato[i], é necessário retirar os crimes contra mulheres da
classificação de homicídios, nomeando-os de feminicídio, e
demarcar frente aos meios de comunicação esse universo dos crimes
do patriarcado. Esse é o caminho para os estudos e as ações de
denúncia e de enfrentamento para as formas de violência de gênero
contra as mulheres.
Muita
coisa já se avançou no Brasil na direção da garantia dos
direitos humanos das mulheres e da eqüidade de gênero, como a
criação das Delegacias de Apoio às Mulheres (DEAMs), que hoje
somam 339 no país, o surgimento de 71 casas abrigo, além de
inúmeros núcleos e centros de apoio que prestam atendimento e
orientação às mulheres vítimas, realizando trabalho de denúncia
e conscientização social para o combate e prevenção dessa
violência, além de um trabalho de apoio psicológico e resgate
pessoal das vítimas. Também ocorreram mudanças no Código Penal
como a retirada do termo "mulher honesta" e a adoção da
pena de prisão para agressores de mulheres, em substituição às
cestas básicas. A criação da Lei 11.340, a Lei Maria da Penha,
para o enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres.
Mas
ainda assim as violências e o feminicídio continuam a acontecer.
Vejamos o exemplo do estado do Ceará: em 2007, 116 mulheres foram
vítimas de assassinato no Ceará; em 2006, 135 casos foram
registrados; em 2005, 118 mortes e em 2004, mais 105 casos.
As
mulheres estão num caminho de construção de direitos e de
autonomia, mas a instituição do patriarcado continua a persistir
como forma de estruturação de sujeito. É preciso que toda a
sociedade se mobilize para desmontar os valores e as práticas que
sustentam essa dominação masculina, transformando mentalidades,
desmontando as estruturas profundas que persistem no imaginário
social apesar das mudanças que já praticamos na realidade
cotidiana.
O
comandante da ação policial de resgate de Eloá declarou que não
atirou no agressor por se tratar de "um jovem em crise
amorosa", num reconhecimento ao seu sofrer. E o sofrer de Eloá?
Por que não foi compreendida empaticamente a sua angústia e sua
vontade (e direito) de ser livremente feliz?
Ressaltamos
que os grupos terão como atividade ler, discutir e analisar este
texto, extraindo do mesmo os aspectos mais relevantes. Para
auxiliá-los nesta leitura o professor pode dar um roteiro de
leitura, tal como o que segue:
Roteiro
de Leitura:
•
Notar
quando surgem as mobilizações das mulheres contra as agressões
masculinas e que aspectos contribuíram para isso;
•
Buscar
compreender o que é feminicídio;
•
Analisar
e verificar o que se tem feito contra a violência contra a mulher.
Além
disso, receberão parte de um texto complementar, intitulado
“Violência contra as mulheres-Lei Maria da Penha já está em
vigor” (Fig. 3) disponível em:
http://www.contee.org.br/secretarias/etnia/materia_23.htm.
Acesso em 27 Dez.
2016.
Tal
como o texto anterior, eles terão de lê-lo e discuti-lo.
Figura
3-
Imagem do site do texto em questão (Lei Maria da Penha)
VIOLÊNCIA
CONTRA AS MULHERES
A
Lei Maria da Penha já está em vigor
A
Lei de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher foi
sancionada pelo presidente Lula, dia 7 de agosto, e receberá o nome
de Lei Maria da Penha Maia. “Essa mulher renasceu das cinzas para
se transformar em um símbolo da luta contra a violência doméstica
no nosso país”, afirmou o presidente.
O
projeto foi elaborado por um grupo interministerial a partir de um
anteprojeto de organizações não-governamentais. O governo federal
o enviou ao Congresso Nacional no dia 25 de novembro de 2004. Lá,
ele se transformou no Projeto de Lei de Conversão 37/2006, aprovado
e agora sancionado.
A
ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,
Nilcéia Freire, acredita que o número de denúncias possa
aumentar. “Certamente, quando oferece a sociedade uma estrutura de
serviços onde as mulheres se sintam encorajadas a denunciar porque
tem uma rede de proteção para atendê-las, você aumenta a
possibilidade de número de denúncias”, disse.
A
Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres colocou à
disposição um número de telefone para denunciar a violência
doméstica e orientar o atendimento. O número é o 180, que recebe
três mil ligações por dia.
Maria
da Penha Maia
A
biofarmacêutica Maria da Penha Maia lutou durante 20 anos para ver
seu agressor condenado. Ela virou símbolo contra a violência
doméstica.
Em
1983, o marido de Maria da Penha Maia, o professor universitário
Marco Antonio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez,
deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou
eletrocutá-la. Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre
6 e 2 anos de idade.
A
investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só
foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de
1984. Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de
prisão, mas usou de recursos jurídicos para protelar o cumprimento
da pena.
O
caso chegou à Comissão Interameri cana dos Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA), que acatou, pela
primeira vez, a denúncia de um crime de violência doméstica.
Herredia foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de
prisão. Hoje, está em liberdade.
Após
às tentativas de homicídio, Maria da Penha Maia começou a atuar
em movimentos sociais contra violência e impunidade e hoje é
coordenadora de Estudos, Pesquisas e Publicações da Associação
de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no seu
estado, o Ceará.
Ela
comemorou a aprovação da lei. "Eu acho que a sociedade estava
aguardando essa lei. A mulher não tem mais vergonha [de denunciar].
Ela não tinha condição de denunciar e se atendida na preservação
da sua vida", lembrou. Maria da Penha recomenda que a mulher
denuncie a partir da primeira agressão. "Não adianta
conviver. Porque a cada dia essa agressão vai aumentar e terminar
em assassinato."
Quatro
agressões por minuto
A
deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) disse que o caso de Maria da
Penha Maia não é isolado e que muitas mulheres sofrem agressão
dentro de casa. Segundo ela, o espancamento atinge quatro mulheres
por minuto no Brasil. E acrescentou que muitas não denunciam por
medo ou vergonha de se expor.
Uma
pesquisa realizada em 2001 pela Fundação Perseu Abramo estima a
ocorrência de mais de dois milhões de casos de violência
doméstica e familiar por ano. O estudo apontou ainda que cerca de
uma em cada cinco brasileiras declara espontaneamente ter sofrido
algum tipo de violência por parte de algum homem.
Dentre
as formas de violência mais comuns destacam-se a agressão física
mais branda, sob a forma de tapas e empurrões, sofrida por 20% das
mulheres; a violência psíquica de xingamentos, com ofensa à
conduta moral da mulher, vivida por18%, e a ameaça através de
coisas quebradas, roupas rasgadas, objetos atirados e outras formas
indiretas de agressão, vivida por 15%.
Baseado
nestes textos, os grupos deverão fazer um cartaz abordando a
questão da violência contra a mulher. Para isso esta elaboração
eles receberão jornais, revistas, cola, tesoura, canetas
esferográficas e cartolinas.Finalizada esta confecção, os grupos
deverão fixar seus cartazes na lousa e explicar o processo de
produção, que aspectos consideraram mais importantes de serem
tratados.
Cabe
ao professor, favorecer que os alunos façam as ligações entre os
textos, ressaltando a importância da denúncia de casos de
violência, lembrando-os que podem fazer a denúncia na Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres no número 180.
ATIVIDADE
2
Buscando
promover um aprofundamento do assunto, e visando que os alunos
percebam os entraves que dificultam a denúncia em muitos casos de
violência, os grupos receberão histórias inacabadas acerca de
duas mulheres: Maria e Joana.
Os
grupos deverão esboçar numa folha de papel um final para estas
histórias. Concluída esta atividade, o professor solicitará que
formem um círculo a fim de que partilhem seus finais em grupo.
O
intuito é que diante de uma situação que envolva a violência
contra a mulher, eles saibam pensar em estratégias para saberem se
manifestar e agir.
História
1:
Maria
é uma mulher casada mãe de dois filhos, e como a maioria das
mulheres trabalha fora, e quando chega em casa ainda tem de cuidar
da casa e dos filhos. Seu casamento era estável, mas há cerca de
uns meses passou a ter problemas, pois o esposo está muito nervoso
é agressivo .
Tudo
começou quando ela chegou mais tarde em casa em vista da greve de
ônibus de sua cidade. No entanto, seu esposo, desconfiado, implicou
com isso e começou a gritar com ela. No meio da discussão ele a
agrediu, jogou-a no chão e a surrou. Desde então diz que homem que
é macho cuida do que tem, e a cobra quando o serviço doméstico
não o satisfaz. Maria está assustada diante da situação, pois
ele está cada vez mais rude, sendo que as agressões tornaram-se a
repetir. Ela não sabe o que fazer, pois não quer nunca se separar
do marido, sobretudo, porque pensa nos filhos.
História
2:
Joana
têm 39 anos e é casada há 17 anos com um homem de 51 anos. Seu
esposo controla aonde ela vai, com quem fala, e o que fala. Em vista
do ciúme, ele já a agrediu várias vezes, sendo que já agrediu
também a filha mais velha que foi defender a mãe.
Joana
não sabe o que fazer, pois depende financeiramente do marido. Ela
teme o deixar e os filhos passarem necessidade. Ela está em dúvidas
de que providências tomar para amenizar esta situação.
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